domingo, 23 de janeiro de 2011

Após decreto, desabrigados temem perder aluguel social em Teresópolis




Desabrigados dos bairros do Imbiú e Sebastiana, na zona rural do município de Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, estão preocupados com o fato de as duas localidades não terem sido citadas no decreto de calamidade pública assinado pelo prefeito Jorge Mário Sedlacek, em 12 de janeiro. “Temos 118 desabrigados de Imbiú e Sebastiana, e todos estão reclamando de os bairros não terem sido incluídos. Como eles vão poder receber o aluguel social?”, questiona a coordenadora dos voluntários que atuam no Centro Interescolar de Agropecuária José Francisco Lippi, no bairro Venda Nova, que preferiu não se identificar.
A coordenadora conta que a maioria das pessoas que estão no abrigo foi desalojada das residências por enxurradas e deslizamentos. “Mas temos cinco famílias que perderam suas casas e não têm para onde ir”, ressalta ela sobre as consequências das chuvas.
 O secretário de Desenvolvimento Social de Teresópolis, Rudimar Caberlon, afirmou, por meio da assessoria de comunicação da prefeitura, que todas as pessoas cadastradas nos abrigos do município serão contempladas pelo Bolsa Família e, consequentemente, pelo aluguel social. Ainda segundo Caberlon, técnicos da secretaria estiveram no local e fizeram o cadastro de todos os desabrigados para tal. A prefeitura ressaltou que o mapeamento para a liberação do aluguel social "será por ruas afetadas e não por bairros".
Em Imbiú, Manoela Maria da Conceição Litori, de 81 anos, morreu dentro de casa após um barranco desmoronar sobre a cozinha. “Os bombeiros não conseguiam chegar. Então, as pessoas da comunidade quebraram a parede para retirar o corpo”, conta Célio da Paixão Gouvêia, de 52 anos, genro de Manoela. “Ela morreu em pé, com lama até a altura do peito”, recorda ele. “O pior é que ela tinha se mudado há pouco tempo para o andar de cima da casa”, pouco antes do Natal”, acrescenta Ivana Flores Gomes, de 72 anos, vizinha de Manoela.
Em outro ponto de Imbiú, em uma região conhecida como Jardim Botânico, uma barreira destruiu completamente a casa onde estava Soraya Popovich, de 50 anos. Ela morreu soterrada. O marido ficou ferido, mas foi resgatado e hospitalizado.
Já no bairro Sebastiana, a destruição foi maior, mas não foram registradas mortes. Muitas construções foram destruídas pela queda de barreiras e boa parte da lavoura dos agricultores locais foi inundada. Uma casa veio abaixo, soterrada por uma encosta. “A família só conseguiu se salvar porque, pouco antes, caiu uma barreira menor, ao lado da casa. E todos saíram de lá. Pouco depois, a casa foi arrasada”, conta o viveirista Bruno Siqueira Gonçalves, de 26 anos, morador de Imbiú.
Uma ponte caiu dentro do Rio dos Frades, que atravessa o bairro Sebastiana. Militares do Exército já estão no local e se preparam para montar uma ponte provisória. “Volta e meia caía uma barreirinha aqui, outra ali. Mas nunca tinha visto nada parecido com o que aconteceu”, diz o mecânico George Maicon Rosário da Silveira.

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