No bairro Campo Grande, um dos locais mais afetados de Teresópolis, o cenário ainda é desolador. As pedras enormes que assustaram a população ainda continuam por lá e parecem não chocar mais aqueles que transitam pela região. Desempregados acharam no local um meio de ganhar dinheiro com a venda das pedras que encobrem as vias para empresas de construção.
Garimpeiros da tragédia
Outros viraram “garimpeiros” da tragédia e reviram entulhos em busca de fios de cobre, tênis e outros objetos que podem ser revendidos a ferro-velhos e brechós. João Ramos, de 58 anos, passa o dia tentando quebrar pedras com a ajuda de uma pequena estaca. Ele diz que um caminhão lotado de pedras rende até R$ 200.
Homem garimpa material entre os escombros para
depois revender (Foto: Alexandre Durão/G1)
Enquanto alguns tentam a sobrevivência em meio ao caos, outros concentram os esforços para reerguer as casas destruídas. O caseiro José Otávio dos Santos, de 53 anos, trabalha junto com outros quatro homens na reforma da casa do patrão. Morador de Campo Grande há 26 anos, ele teme que o bairro não volte mais às condições pré-desastre e seja esquecido pelas autoridades.depois revender (Foto: Alexandre Durão/G1)
“Esse bairro aqui era muito bonito, mas agora tomei trauma, acho que mesmo depois da reforma o meu patrão não volta mais para essa casa. Aqui o trabalho está de formiguinha”, disse o caseiro.
Quem ainda insiste em continuar morando em Campo Grande fala das dificuldades. A luz só voltou ao bairro no final do mês de março. O serviço de telefonia segue sem funcionar. Supermercados, padarias e açougues fecharam as portas e os ônibus nem chegam mais ao bairro que deu lugar a uma montanha de pedras. O ponto de ônibus mais próximo fica a dois quilômetros de distância.
Mil pessoas sem aluguel social
O pintor Moacir Siqueira da Rocha disse não ter outra opção a não ser voltar para a casa interditada, já que sua família ainda não recebeu o aluguel social, que é a ajuda financeira aos desabrigados no valor de R$ 500 por mês durante o período de 1 ano. A Prefeitura de Teresópolis informou que 3.500 pessoas se inscreveram para receber o benefício, mas, por falta de recursos, apenas 2.500 vão ganhar o auxílio.
Casa parcialmente destruída ainda guarda armário
em Teresópolis (Foto: Alexandre Durão/G1)
Logo após as chuvas, a prefeitura se comprometeu a pagar o benefício às mil pessoas inscritas restantes, mas, segundo a assessoria do município, "após uma análise das contas, a administração percebeu que só poderia arcar com o pagamento do aluguel social de 300 pessoas". A primeira parcela do auxílio foi paga a 200 pessoas dois meses após a tragédia. Outras 100 ainda não receberam o benefício, que segundo a administração será pago até 11 de abril.em Teresópolis (Foto: Alexandre Durão/G1)
De acordo com o município, a prioridade no programa é para moradores que tiveram as casas totalmente destruídas pelo temporal, assim como para vítimas que têm filhos menores de idade. Cerca de 300 pessoas tiveram o pedido de benefício rejeitado por não apresentarem documentação ou por fraude. Mais de 250 pessoas ainda moram nos cinco abrigos espalhados pela cidade.
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